Na aula de Didática das Artes Plásticas, de dia 17 de Outubro analisámos o texto de Sydney Walker, que, como o título refere, se debruça sobre o acto de criação artística, enquanto resultado de um processo de reflexão, que sendo aplicado o torna mais relevante, coerente e significativo.
Este processo de trabalho, e também caracterizado por ser progressivo, e por se alimentar de alguns retornos, fornecidos quer pelo autor, quer por outros sujeitos ou contextos que sobre ele permitem uma nova visão para o projecto.
Baseado no processo de trabalho de variados artistas, de campos distintos, vão ser analisados o processo de trabalho, e o significado atribuído ao trabalho no início deste processo, tentando elaborar-se uma conceptualização, que sirva para os novos professores, aprendizes de arte.
Para essa conceptualização concorrem alguns factores que são assinalados no texto, como sejam a presença de uma ideia forte, baseada em conhecimento e ligações pessoais – “(…) conflate big ideias with their own personal identity”, pág. 9 – e que vai ser trabalhada no processo artístico, com estratégias e definindo os seus limites (boundaries). A este processo inerente, essencial uma capacidade reflexiva sobre o sujeito, contexto e sobre o seu própro trabalho – o próprio trabalho sobre as suas ideias, referências vão modelar o trabalho e torná-lo mais significativo – “(…) by thinking about what she is doing while doing it, in such a way as to influence further doing.”
É também referido no texto, outro conceito, que me parece importante no processo artístico: o de processo aberto (ou fechado), quando há por parte do sujeito uma não delimitação do seu trabalho, à partida. Neste caso, como refere o texto, há uma maior possibilidade de significância, qualidade e satisfação quando o autor. Como se refere no texto na página nove: “(…) some students kept their options open throughout the artmaking process with openess to seeking new solutions rather than relying upon more obvious and normative possibilities(…)”.
Esta abordagem reflexiva é que pessoalmente, como no texto, concebo como mais enriquecedora e coerente com o processo artístico, enquanto reflexão sobre o real-sujeito-contexto, um pouco numa abordagem construtivista e actual da arte, que também podem ser vistas como ciclos de construção-desconstrução-reconstrução, segundo McCarthy and Sherlock[1] (página 11).
Apreciei também uma outra passagem do texto que refere o processo artístico enquanto prática de reflexão independentemente do nível de ensino (limitando-se a aproximação mediante o estágio de desenvolvimento do indivíduo), e propósito do lemos na página 7: “(…) The difference is in degree not kind”[2].
Enquanto aluno e professor penso que o método de busca e construção do conhecimento, reflexão do real e construção do indivíduo deve contemplar este circuito de retorno, reformulação, experimentação que lhe permite um desenvolvimento mais sustentado e uma pressecução deste sentido crítico, de forma mais musculada e desenvolta nos períodos de aprendizagem posteriores, pelo que deve ainda que de forma simplificada, ser aplicada em todas as áreas do conhecimento, em todo o percurso do aluno/indivíduo. Esta dinâmica encontra na escola o ambiente ideal para ser adquirido.